Esta foi uma frase lapidar que me perseguiu nos anos 80. Os moços da gestão e economia achavam as moças de línguas muito giras para mostrar e namorar, mas muito cabecinhas ocas. Votadas a ser setoras cheiinhas de vacuidades. Eram assim que eramos tratadas. Confesso conhecer muitas delas assim, mas a proporção de meninas ocas era proporcional aos moços enfatuados de números e pouca apetência pelo ser humano. Por isso, para mim, era ele por ela e ficávamos quites.
Eu sei por que razão não fui para matemática, nem gestão, nem administração, nem economia , nem direito, nem contabilidade, nem fiscalidade. Não suporto os números, as cifras, uma vida entre o dever e o haver, a equacionar listas e listas de artigos e códigos, as regras que tanto regram como desregram… Detesto a linguagem tabeliónica, administrativa, jurídica e desprezo os estrangeirismos ocos e as novolinguísticas pedantes. Sei por que razão fiz as opções que fiz – seria sempre pelas tretas dos livros, pela literatura, pelo teatro, pela psicologia, pelas línguas, pela história e pela geografia das estórias. Gosto muito das tretas das artes e ainda me emociono com a natureza. Sou como sou. Não tento impor nada a ninguém. Todos somos necessários e eu deixo aos outros essas tarefas para as quais não tenho capacidade, nem gosto, nem apetência, nem tempero. Respeito-os. E gostaria muito que me respeitassem a mim e ao meu trabalho.
Não me venham agora impôr a GESTÃO, nem o EMPREENDEDORISMO, nem o MARKETING na escola. Deixai a escola para as crianças e deixai os professores terem espaço para alguma poesia, algum espaço para a arte de motivar e compreender as crianças. Algum espaço para TRETAS tão humanas como ter tempo para ouvir, para sentir os miúdos. Tempo para nos vermos como seres humanos e assim ver os miúdos como seres humanos também.
Nota: todo esta arenga a propósito de umas ações de formação a docentes sobre marketing e a alunos sobre empreendedorismo. E eu, a parva, numa de marketing. Tão insuportável e odiosa como temia! Brrrrrrr….