Que sejamos felizes!

É o final de um ciclo. É o fim deste blogue.

O primeiro post foi um poema de Pessoa. Termino com outro poema dele para post final.
Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma .
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um ‘não’.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

(Fernando Pessoa)

Descompressão é preciso

Depois da pausa  de 4 dias foi uma semana de arrasar, culminando numa 5ª feira com sarau gímnico até às 23h30  e numa 6ª feira com arraial escolar até às 24h. Isto tudo ao mesmo tempo que estão a decorrer aulas, avaliações, preparação de exames. Para (des)moralizar  todos os membros da Direção são convocados, durante esta semana de fogo, para uma reunião regional onde o aparelho de estado dá conhecimento das intenções legislativas para o próximo ano letivo (onde se presssiona, se ameça + ou – veladamente os agrupamentos escolares)

Todos sem excepção estão de gatas nesta escola. Nesta e em todas as outras escolas  do país. Alunos não são excepção.

Todos se sentem a trabalhar na corda bamba. A metáfora perfeita é esta:  pôr o pessoal todo a atravessar, pela corda,  o precipício com os braços carregados de coisas. Entretanto o MEC diverte-se a pedir à pessoas para acrescentar mais carga, manda voltar alguns  atrás 6 passos e refazer o caminho por passos diferentes, balança a corda e avisa que para a próxima terão menos horas, serão menos, a carga de alunos será mais, que a corda estará ainda mais bamba e que o caminho que a corda percorrerá, no agrupamento, será mais longo e confuso.

Vale!

Aproveitei  o último feriado de corpo de deus disponível, juntei-o ao fim-de semana, e pus-me na alheta.

Fui a cavalo para Espanha deixar lá alguns euritos que eles também já estäo em crise.

Vou afogar as mágoas em sangria, tapas, calor e salero.

 

MIra qué bonito!

The same old story

As movimentações políticas e económicas mantêm-se as mesmas, o mesmo padrão, o mesmo vórtex de destruição: a mentira, a propaganda, a manipulação indisfarçavel, a falta de respeito (até por si próprio), a notável completa ausência de ética…

Nada de novo nos jornais. Os nomes são outros, as cores políticas alternaram, os contextos diferentes. Mas as histórias são as mesmas.

Entretanto, balanceando os últimos meses, perspectivando-os bem, apertando-os para ver o sumo, sinto que a nível nacional o sumo que sai é… nulo.

A nível profissional também. As únicas partes seculentas do trabalho estão relegadas para segundo plano, por exigências imediatas superiores. Esta sensação de estar a ser drenada…

   imagem daqui

Para animar

Algo doce, leve e musical.

voltar às raízes

com música popular portuguesa da banda “sétima legião”. Assim, quase pura.  Eu que ando tão farta de “tecnoligiazecas”…

 

Letras são tretas!

Esta foi uma frase lapidar que me perseguiu nos anos 80. Os  moços da gestão e economia achavam as moças de línguas muito giras para mostrar e namorar, mas muito cabecinhas ocas. Votadas a ser setoras cheiinhas de vacuidades. Eram assim que eramos tratadas. Confesso conhecer muitas delas assim, mas a proporção de meninas ocas era proporcional aos moços enfatuados de números e pouca apetência pelo ser humano. Por isso, para mim, era ele por ela e ficávamos quites.

Eu sei por que razão não fui para matemática, nem gestão, nem administração, nem economia , nem direito, nem contabilidade, nem fiscalidade. Não suporto os números, as cifras, uma vida entre o dever e o haver, a equacionar listas e  listas de artigos e códigos, as regras que tanto regram como desregram… Detesto a linguagem tabeliónica, administrativa, jurídica e desprezo os estrangeirismos ocos e as novolinguísticas pedantes. Sei por que razão fiz as opções que fiz – seria sempre pelas tretas dos livros, pela literatura, pelo teatro, pela psicologia, pelas línguas, pela história e pela geografia das estórias. Gosto muito das tretas das artes e ainda me emociono com a natureza. Sou como sou. Não tento  impor nada a ninguém. Todos somos necessários e eu deixo aos outros essas tarefas para as quais não tenho capacidade, nem gosto, nem apetência, nem tempero. Respeito-os. E gostaria muito que me respeitassem a mim e ao meu trabalho.

Não me venham agora impôr a GESTÃO, nem o EMPREENDEDORISMO, nem o MARKETING na escola. Deixai a escola para as crianças e deixai os professores terem espaço para alguma poesia, algum espaço para a arte de motivar e compreender as crianças. Algum espaço para TRETAS tão humanas como ter tempo para ouvir, para sentir os miúdos. Tempo para nos vermos como seres humanos e assim ver os miúdos como seres humanos também.

Nota: todo esta arenga a propósito de umas ações de formação a docentes sobre marketing e a  alunos sobre empreendedorismo. E eu, a parva, numa de marketing. Tão insuportável e odiosa como temia! Brrrrrrr….

Pérolas do quodidiano escolar

 

 

“Em casa a minha mãe não manda em mim e vem para aqui esta velha mandar!”

ando com a telha

O calor palpitante  a evaporar a raiva

o ácido vazio a dissolver a frustração

o espesso silêncio abafando palavras iradas

a vastidão do mundo  para emparedar

na gruta mais profunda

as pedras arenosas do dia a dia.